Desembarcamos nesta semana no berço da oceanografia no Brasil. Há 40 anos foi criado o curso de Oceanologia na FURG e desde então está área do conhecimento vem alcançando grandes conquistas e abraça diversas linhas do conhecimento como a oceanografia biológica, física, química, geológica e afins. Este evento congrega diversos pesquisadores dentre alunos e professores, das mais renomadas instituições de pesquisa do país e vem se firmando na série de eventos bianuais que ocorrem no Brasil. O estado da Bahia esteve representado por instituições como a UCSal, UFBA, UNIME e UEFS e apresentou cerca de 60 trabalhos científicos dentre os 1.217 trabalho submetidos no evento de todos os cantos do Brasil. A Universidade Católica de Salvador e o ECOA não poderiam deixar de marcar sua presença neste importante palco de discussões e comemorações para as ciências do mar, sendo representados pelas graduandas Maria Almeida, Rebeca Marques e Raissa Frazão, o egresso pesquisador trainee Gustavo F. de Carvalho-Souza e a Prof. Dra. Alina Sá Nunes. Em meio às comemorações, o IV CBO mostrou como anda a situação e avanços das pesquisas no ambiente costeiro e marinho da costa brasileira, incluindo os ambientes insulares e atividades na base antártica (Pró-Antar), embora também vale ressaltar que infelizmente os mares e oceanos não vivem só de festa, pois a degradação dos habitats, ameaça as espécies, ocupação litorânea, poluição, falta de gerenciamento e integração das políticas público-privadas e incipiência das áreas marinhas protegidas foram postas a tona mais uma vez. Participem, pois há muito a ser feito, e conheçam as atividades que o Centro ECOA vem promovendo para contribuir com a conservação. A vida marinha agradece.
Essa matéria, publicada no site do Yahoo, serve de alerta e de apelo. É necessário "cuidar" da nossa biodiversidade. Não só a diversidade “in vivo”, mas também a diversidade “in situ” e “in vitro”. Atualmente, com aquisição de técnicas de análise por DNA, os museus e outros acervos deixaram de ser um depósito de seres vivos, mas uma fonte de informações biológicas. O cuidado tem que ser redobrado, ou triplicado, ou quadruplicado. Não será possível recuperar o que foi perdido no Butantan, mas temos o dever e a obrigação, mas do que nunca, de tentar repor o que for possível.
Por Jorge Rabelo de Sousa, Coordenador do ECOA.
Pesquisadores avaliam prejuízos causados por incêndio no Instituto Butantan
Ter, 18 Mai, 06h29
Por Isis Nóbile Diniz, da Redação Yahoo! Brasil
Imagine um edifício afastado de residências e de área comercial. Dentro dele, salas repletas de prateleiras de metal e estantes de madeira. Sobre elas, milhares de animais imersos em vidros com álcool ou com formol. Qualquer faísca poderia causar um desastre. Esse era o cenário do prédio que abrigava as coleções de cobras, aranhas e escorpiões do Instituto Butantan, incendiado no sábado (15).
Agora, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) e a Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Social da capital paulista apuram as causas do fogo. Independente do resultado, pesquisadores afirmam que o que foi perdido jamais poderá ser recuperado. Era o maior acervo de cobras do mundo, cerca de 85 mil exemplares.
"O que desapareceu ali seria correspondente à queima de livros de várias bibliotecas grandes. Só que muito pior. Um livro poderia ser reimpresso, no Butantan cada indivíduo era único", lamenta Miguel Trefaut Rodrigues, pesquisador do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP). A coleção foi iniciada há 120 anos. Além das cobras, contava com cerca de 450 mil aranhas e escorpiões. "É provável que animais já extintos ou em via de extinção estivessem catalogados lá. Com certeza, havia animais muito raros no prédio", afirma Rui Seabra Ferreira Junior, pesquisador do Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos (CEVAP) da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
Rodrigues, que começou a estagiar no Butantan em 1970, aos 16 anos, acompanhou o crescimento do acervo. "Conforme aumentavam as fazendas no Estado de São Paulo, mais pessoas eram picadas por cobras", contextualiza o pesquisador. Para cada cobra, aranha ou escorpião vivo levado ao Instituto, era entregue uma ou duas ampolas de soro antiofídico. "No começo do século 20, o interior não tinha a estrutura de saúde de hoje em dia", explica. Assim, existiam animais coletados há mais 100 anos no prédio. "Era um testemunho do Brasil que desapareceu, não conseguiremos trazer de volta aquela fauna de um século atrás", diz Rodrigues. Pesquisadores de outras partes do mundo também cediam exemplares para o Butantan. E, até hoje, animais recolhidos por bombeiros ou apreendidos pela Polícia Florestal e pelo Ibama eram levados para aquele setor.
Com esse material, era possível estudar o DNA dos bichos, acompanhar a evolução das espécies, checar como o meio ambiente influencia a evolução, conferir as novas espécies que estão surgindo e saber como era a fauna brasileira no começo do século passado. Qualquer pesquisador que pretendia estudar cobras do nosso continente teria que ir até o Butantan. "Era uma fonte inesgotável de pesquisa", afirma Rodrigues. O pesquisador conta que já aconteceu de uma cobra ser identificada como de determinada espécie, mas voltar a ser estudada anos depois e se descobrir que era de uma espécie nova. "Não estudar as espécies que estavam na coleção é o mesmo que deixar de lado a história da China ao pesquisar sobre a humanidade", explica.
Coleções em risco Os animais coletados pelo instituto eram sacrificados de forma que não danificasse sua estrutura. Em seguida, era injetado formol no bicho. Após cerca de dois dias, ele era mergulhado no álcool. Com o tempo, conforme perde suas propriedades, o álcool deve ser trocado por outro novo. Segundo Miguel Trefaut Rodrigues, isso exige cuidado permanente. "Todas as coleções do mundo estão conservadas dessa maneira, mas em prédios mais modernos, que contam com alarme de incêndio, alerta de fumaça e sistemas que injetam CO2 na sala em chamas, eliminando o oxigênio que alimenta o fogo do ambiente", conta. "No Brasil, todas as nossas coleções correm risco, inclusive de plantas", conta. Ele compara a perda como se o mesmo ocorresse no Museu de Zoologia da USP, a maior coleção zoológica do Brasil, ou no Museu Nacional do Rio de Janeiro (UFRJ).
Aliás, ironicamente, hoje se "comemora" o Dia Internacional dos Museus. "Esperamos que isso seja uma grande lição ao país. De que adianta fazer propaganda de que o Brasil é o país da biodiversidade e do meio ambiente, se ele não cuida das suas coleções?", alerta Rodrigues. Segundo a assessoria de imprensa do Instituto Butantan, ainda não há o número exato de exemplares queimados. Alguns estavam emprestados para instituições em outros países. E, além disso, outros exemplares conseguiram "sobreviver" às chamas. Ao longo dos dias, funcionários estão retirando os exemplares do prédio e catalogando-os.
Início da história O acervo de cobras foi iniciado em 1901 pelo cientista Vital Brasil, fundador do Butantan. As vacinas antiofídicas começaram a ser produzidas a partir dessa coleção de animais. O brasileiro foi quem descobriu que, para a picada de cada espécie de cobra, deveria ser aplicado um veneno específico. "Os pesquisadores do mundo não acreditavam nele", conta Ferreira Junior. Até que, em um evento em Nova York, nos Estados Unidos, uma pessoa foi picada ao fazer demonstração de animais no zoológico. "Chamaram Vital Brasil para socorrer o rapaz com seu soro antiofídico", diz. Ele foi salvo. E o pesquisador passou a ser aceito e respeitado
Disponível em: http://br.noticias.yahoo.com/s/18052010/48/saude-pesquisadores-avaliam-prejuizos-causados-incendio.html
Estagiário do Centro ECOA, Tércio Silva Melo, irá apresentar dois trabalhos científicos no 18th International Congress of Arachnology que ocorrerá na Polônia, entre os dias 11 e 17 de julho de 2010. Este importante Congresso Internacional existe desde 1960, com sua primeira edição realizada na Alemanha, ocorrendo, ao longo de sua trajetória, em diversos países do mundo: Panamá, Espanha, Finlândia, Austrália, Suíça, Estados Unidos, África do Sul, Bélgica e Brasil.
O ECOA atua em programas de monitoramento de comunidades animais e vegetais na Bahia. Os projetos visam ações para a conservação em UCs da Bahia e identificação, juntamente ao MMA/IBAMA e ICMBio , de novas áreas prioritárias no Litoral Norte do Estado. Organiza uma coleção científica de referência para vertebrados e flora local e regional; mantém um banco de dados científicos; promove treinamentos relacionados à conservação ambiental. Os trabalhos foram publicadas em várias revistas científicas. O ECOA também promove o atendimento a Escolas. No setor privado tem parceria com a empresa Lacerta Ambienta, da qual recebe apoio logístico. Disponibiliza acesso aos nossos bancos de dados a pesquisadores de outras IES. Atua em parcerias com o IBAMA e ICMBio, Instituto Butantan e laboratório de Mirmecologia da CEPLAC. No final de 2009, integrou à genética da conservação aos seus objetivos, investigando a diversidade genética com técnicas de citogenética e de biologia molecular. Entre suas parcerias internacionais estão o Amphibian Ark e a Durrell Wildlife Conservation Trust no Reino Unido e o Durrell Institute for Conservation Ecology – DICE, da Universidade de Kent, Reino Unido.